



PERSONAGENS



Neto
Personagem principal. Sempre sozinho, utiliza aparelhos tecnológicos para manter-se ocupado. Foi o primeiro personagem a ser desenvolvido e, por isso, o que passou por mais testes até chegar na versão final.
Vô
Avô do personagem principal e maior inspiração do mesmo. Ensina ao neto maneiras de passar por situações delicadas e enxergar o mundo de uma maneira única e singular, sempre estimulando a criatividade.


Neto Criança
Personagem principal durante sua infância, uma típica criança curiosa. Sempre fazendo perguntas e encostando em tudo que vê pela frente. É a partir dele que vemos o laço entre os personagens principais se formando.

CENÁRIOS E ARTE

O desenvolvimento dos cenários ocorreu ao mesmo tempo da produção dos personagens. Por ser um roteiro com poucos ambientes, foi extremamente importante destacar a personalidade de cada personagem através da direção de arte.


O cenário da casa de Neto e o figurino do personagem principal são cruciais para a história.
Através do figurino, podemos perceber a angústia e solidão que ele sente ao longo dos dias. No início do curta-metragem, Neto usa roupas coloridas e vivas, mas as cores vão se perdendo e em sua última conversa com Vô, ele veste tons neutros e escuros.
É possível notar o cenário da sala de Neto composto majoritariamente por cores neutras e pouco saturadas, além de texturas lisas e nenhuma janela. Esses elementos destacam a solidão e a dependência tecnológica do personagem, algo com que muitos jovens contemporâneos podem se identificar.




As cores são os principais elementos para gerar o contraste que a história de “Fala, Vô!” precisava. Para mostrar a diferença entre as duas gerações da obra, o cenário "cabana" transmite aconchego, com texturas levemente realistas e, de certo modo, nostálgico. Nele, foram utilizados muitos elementos de madeira e cores quentes, tanto na iluminação quanto nos próprios componentes. Além de, claro, uma colorização mais granulada e com aquela sensação de filme. Para destacar a passagem de tempo o cenário da Cabana do Vô inicialmente é composto por elementos tecnológicos antigos, que ao final do filme são substituídos por alguns de novas gerações, mas ainda mantendo boa parte do cenário nostálgico e com cores quentes.
Se você reparar, a cor dos cenários vão se alterando com o decorrer da narrativa. No início é possível perceber a sala de Neto um pouco mais cômoda e quente. A temperatura vai esfriando durante o filme e, ao fim, o cenário está quase sem cor.
Por outro lado, os elementos da cabana ficam mais simétricos e o figurino de "Vô" ganha cores saturadas e quentes. Por conta disso, a última conversa entre os dois personagens, durante o aniversário do avô, torna-se algo agradável e, ao chegar na cena seguinte, o personagem é pego de “surpresa”.


Uma das maiores saudades dos personagens durante o período de quarentena, o Mirante, é mencionado durante toda a narrativa. Foi o último cenário a ser pensado, e a cena escrita só foi no roteiro após o desenvolvimento dos personagens e demais cenários. Inclusive, alguns cenários e planos tiveram que ser modificados para que todo mundo pudesse entender o que Neto foi fazer ali.
O mirante foi escolhido para destacar o mundo externo por possuir um cenário amplo e uma vista panorâmica, possibilitando a interpretação de seguir em frente e com esperança de um futuro melhor. Além disso, o cenário conecta-se perfeitamente com um dos principais hobbies de Vô, que era observar as estrelas, fazendo analogia à cena do passado, onde Vô diz para Neto – ainda criança – que todos possuem um mundo e devem estimulá-los com sua criatividade. O telescópio é um dos principais elementos da cena final.
Uma curiosidade: Na cena final aparece uma placa. Como passa rápido e tem bastante desfoque de movimento, quase não dá pra notar, mas nela está escrito "ipê-amarelo-do-brejo". Isso foi uma homenagem que o meu pai, Marcelo Trindade Nascimento (Biólogo/UENF), fez para meu avô em um evento organizado pela Associação Mico Leão Dourado no dia 12/12/2020 para homenagear às vítimas da pandemia do coronavírus, por meio do plantio de árvores nativas da Mata Atlântica em um espaço simbólico denominado Bosque da Memória.

PROPS
A memória afetiva é um elemento crucial para o desenvolvimento infantil. Enquanto criança, criamos nosso próprio mundo com a maneira que enxergamos os acontecimentos ao redor. São nesses momentos que nós, crianças, criamos as principais memórias afetivas.
Uma das principais lições do filme "Fala, Vô!" é que é essencial manter vivo o nosso "lado criança", mesmo na vida adulta. Neto, o personagem principal do filme, é rodeado por memórias afetivas que ele carrega desde a infância e que influenciam sua rotina e atividades, principalmente durante o período pandêmico. Com esse curta-metragem, tenho o objetivo de mostrar ao público adulto a importância de recorrer às suas memórias afetivas, que servem como um refúgio em momentos difíceis e solitários. Mesmo que alguns não tenham uma boa relação familiar ou tenham vivido experiências particulares, desejo despertar uma sensação nostálgica, incentivando-os a redescobrir suas memórias afetivas mais significativas e a reconsiderar a valorização dos laços familiares para as próximas gerações. Vale lembrar que em muitos casos família não é questão de sangue, mas sim um ato de união.
Já para o público infantil, pretendo usar essas mesmas memórias afetivas como uma forma de enfatizar que nunca estamos verdadeiramente sozinhos e ressaltar a importância de valorizar a família enquanto somos jovens.

Telescópio
O objeto que faz Neto, enquanto criança, passar a enxergar o mundo de outra maneira. Além disso, o Telescópio é também responsável por manter a memória afetiva do local favorito dos dois personagens, o Mirante, que aparece na conversa durante o aniversário de Vô e na cena final do filme.




Avião de Papel
A principal memória afetiva do personagem e também seu principal refúgio durante o período pandêmico. Por meio desse objeto, Neto foi capaz de manter contato diariamente com Vô e manter-se calmo. Podemos perceber isso por meio da mudança de expressão do personagem ao iniciar a gravação do vídeo e receber resposta de seu avô.



Cítara
Elemento que inicialmente compõe o cenário da Cabana de Vô, mas ao final da obra reparamos que essa é a maneira de Vô celebrar o aniversário de Neto anualmente. Com isso, Neto mantém a tradição.
O filme resume em alguns minutos uma narrativa que durou meses, mas ela é composta por uma rotina monótona e entediante. Por isso, alguns objetos foram utilizados para destacar a exaustão do personagem com o avanço da história, e também os momento de calma e refúgio do dia-a-dia, mantendo o laço entre os personagens.
Ainda no início da obra, na segunda cena, há um momento de retorno à infância do personagem. Para que a transição não causasse estranheza no público, foi crucial a utilização de um objeto (no caso, o avião de papel) neste retorno. Com isso, fica mais fácil de compreender a relação entre os dois personagens e o motivo do avião de papel aparecer tanto nas cenas futuras. Além dele, existem alguns objetos importantes para a passagem de tempo, como:


Quadro Branco
Essencial para mostrar a passagem dos dias e meses na narrativa. Além disso, é possível perceber a insatisfação de Neto tendo seus planos anuais interrompidos.
Celular


Usado para gravar os vídeos e receber as mensagens de Vô, o celular dá a continuidade do filme. Com ele, o público é capaz de sentir a ansiedade de Neto enquanto espera por respostas após o envio dos vídeos.
Um fato curioso: o mesmo plano do celular foi utilizado em dois momentos diferentes do filme. Um no início, quando Neto aparece enviando o primeiro vídeo para Vô e outro no fim, no momento em que o personagem envia áudio. Apesar da mesma composição, os dois planos são bastante diferentes. Isso aconteceu, além de toda a mudança no mise-en-scène, por causa da colorização. Na foto de cima vemos uma colorização mais quente, quando Neto ainda está num momento de expectativa, enquanto na segunda quase não há cor, visto que toda a esperança foi embora.
Avião de Papel

Além da importância para a memória afetiva do personagem, os aviões de papel são fundamentais para a sequência do filme. Eles possuem números marcados em suas asas, indicando a quantidade de vídeos que Neto já enviou para Vô e, portanto, a quantidade de dias que Neto está em casa. No mais, é através dele que ocorre a transição para um momento nostálgico do filme, fortalecendo os laços entre personagens.

MÚSICA E SOM
Dizer que um projeto audiovisual é composto 50% por vídeo e 50% por som já pode ser considerado um ditado popular.
E se tanta gente diz isso, por que elas estariam erradas?
Em "Fala, Vô!" não foi diferente. A música foi responsável por carregar a emoção, enquanto o Sound Design (feito por Gabriel Tosi) se encarregou de acentuar a imersão e misturar o realismo com o imaginário.


Confira palavras do próprio André Akira, artista responsável pela composição da trilha sonora do curta-metragem:
"A música está presente em todos os lugares. Uma pessoa vive e percorre uma história, que se desenrola e é narrada assim como uma melodia que se harmoniza com tudo o que acontece ao seu redor.
E é assim que eu enxergo a vida.
O filme "Fala,Vô!" retrata exatamente isso... Uma experiência de vida, uma memória e ao mesmo tempo um sonho. Desde o início, estava repleto de música! Tudo o que fiz foi traduzir isso em timbres, instrumentos, sons e melodias... contribuindo para trazer à tona todo o sentimento e emoção que já estavam presentes."

Mais uma curiosidade!
Sabe o parabéns que é tocado durante o filme? Ele é, nada mais nada menos, que uma recriação exata do último parabéns enviado pelo meu avô, comemorando o aniversário dos meus pais em agosto de 2020, feita pelo André Akira.
Até momentos finais do Sound Design, inclusive, o audio oficial era desse vídeo abaixo. Foi por cima dele que fiz a animação.

CRÉDITOS
DIREÇÃO: Felipe Risallah
Roteiro: Felipe Risallah
Produção: Fr Visuals
Vozes:
Voz Vô: Paulo Coelho
Voz Neto: Felipe Risallah
Voz Neto Criança: Beni Coelho
Direção de elenco: Vanessa Frisso
Ass. direção de elenco: Maria Vitória Mourenço
Captação de Som: Gabriel Tosi, André Akira Sawanaka Cruvinel, Marco Aurélio Miranda Cavalca
Sound Design: Gabriel Tosi
Trilha Sonora: André Akira Sawanaka Cruvinel
Design e ilustração: Igor Barbosa Jales
Animação: Felipe Risallah e Adobe Mixamo
Design de cenário e personagem: Felipe Risallah
Direção de arte (look development): Felipe Risallah
Direção de fotografia e layout: Felipe Risallah
Simulação de tecido: Felipe Risallah
Composição e finalização: Felipe Risallah
Edição e color grading: Felipe Risallah
Produção executiva: Felipe Risallah
Prop models: sketchfab & quixel megascans
Legendagem: Maria Vitória Mourenço
Closed caption: Taynara Suzuki
Assessoria de Imprensa: Sandra Villela
agradecimentos especiais:
Arthur Fiel
Marcelo Trindade Nascimento
Dora Maria Villela José
Fatima Nascimento
Simone Trindade Nascimento
E todos da família Nascimento.